Registros de uma miscelânea cultural

scott

Quando o assunto é fotografia, normalmente se pensa em algo estático, que congela um momento único e especial. Essa ideia limitada sobre essa forma de registro não passa pela cabeça do canadense Scott MacLeay, fotógrafo, compositor e artista gráfico, que transmite em seus trabalhos uma sensibilidade única e misteriosa, traduzindo a sua visão peculiar sobre o mundo. Para ele, artistas são “ciganos da alma”, que precisam ser livres, confrontar os medos e a insegurança, colocar para fora os receios e não ter limites na hora de criar.

MacLeay escolheu a capital catarinense como moradia e palco para expor seus mais recentes trabalhos: duas exposições diferenciadas, que ocorreram entre os meses de maio e junho, apresentando algumas obras inéditas de sua autoria, além dos trabalhos de seu professor e de vinte alunos brasileiros e estrangeiros. As exposições quebraram o paradigma existente ao redor da fotografia autoral, além de apresentar formas criativas de trabalhar com as novas mídias, outra vertente muito forte na carreira do artista.

Nascido na pequena cidade de Thunder Bay, localizada ao norte da província de Ontário, no Canadá, MacLeay atribui suas características artísticas à vida no pacato município. Para ele, as condições climáticas extremas e o isolamento ajudam a moldar a personalidade forte das pessoas que lá vivem, e o local de origem é algo que caminha sempre com as pessoas, independentemente das experiências que venham a adquirir ao longo da sua jornada. “Um artista da Ilha não precisa necessariamente fazer arte pautado apenas nas tradições daqui. Caso a formação e educação dos cidadãos inclua a cultura local, eles vão incorporá-la naturalmente, tornando-se parte da identidade. Sou canadense, venho de um lugar pequeno, onde cultura não é prioridade. Morei 30 anos em Paris, tive várias referências, mas nada pode apagar aquilo que vivi na minha pequena cidade, que me transformou como pessoa. Então, tudo que faço, indiretamente carrega essa informação”, ressalta. Segundo o fotógrafo, em Florianópolis há certa confusão quanto ao que é produzido nesse meio. “As pessoas pensam que o conteúdo tem que remeter a uma atividade tradicional local, mas não necessariamente. Essa é a formação, é o conteúdo da educação do indivíduo, mas não precisa ser o tema da arte. Sendo a educação bem-feita, o trabalho é uma reflexão disso, acontece naturalmente”, completa.

Assim como sua arte, MacLeay também está sempre em movimento. Após trinta anos morando entre Paris e Nova Iorque, foi na capital de Santa Catarina que encontrou refúgio e inspiração para continuar suas obras. “Passei por vários lugares do mundo, com milhões de pessoas, festas e barulhos. Em determinado momento, precisamos usar essa energia de grandes centros urbanos; em outro, a cidade começa a sugar isso de você e é hora de se mudar para um lugar mais calmo. Não preciso morar em São Paulo ou no Rio de Janeiro, mas sim aqui, com essa beleza e tranquilidade, que me oferecem um nível de sofisticação muito bom. Florianópolis é quase única, com infraestrutura de cidade moderna e, ao mesmo tempo, com bairros que possuem características das cidades de 50 anos atrás”, explica.

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